Bernardo Carneiro

Médico Veterinário

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Em Defesa da Avicultura Brasileira

 

ARIEL ANTONIO MENDES

EM 2005 FORAM produzidos 9,3 milhões de toneladas de carne de frango no Brasil, das quais 2,8 milhões foram exportados para cerca de 150 países. A atividade gerou divisas de US$ 3,8 bilhões e cerca de 4 milhões de empregos diretos e indiretos.

A Sanidade Animal é um patrimônio do país tão ou mais importante que as reservas de minérios e de petróleo

Fatores como clima favorável, disponibilidade de grãos, mão-de-obra abundante e de qualidade, empresários ousados e técnicos competentes tornaram o setor avícola brasileiro um dos mais competitivos do planeta.

O sistema de integração praticado no Brasil não só é modelo para o mundo como também forte gerador de emprego e renda no meio rural. Ele permite que o produtor viabilize a pequena propriedade, por intermédio da criação de frangos em parceria com empresas integradoras. O sistema deu tão certo que foi reproduzido na produção de diversos outros produtos agrícolas. Entretanto, corremos o risco de perder essa posição de liderança de uma hora para a outra se algumas ações não forem adotadas imediatamente. Não estamos falando de empréstimos subsidiados, isenção de impostos ou qualquer ajuda dessa natureza. Pedimos, apenas, que o governo invista mais em defesa sanitária animal a fim de manter o país livre de doenças que comprometem o comércio internacional, como a doença de Newcastle e a influenza aviária.

Se nada for feito, a indesejável ocorrência de surtos de influenza aviária terá conseqüências dramáticas para o Brasil. O país ficará impedido de exportar carne de frango "in natura"

Perderemos mercados internacionais, haverá quebra de empresas e redução significativa de postos de trabalho. De uma hora para outra, os produtores rurais ficarão sem sua principal fonte de renda e toda a cadeia será abalada, desde os produtores de milho e soja até os fabricantes de equipamentos e de produtos veterinários. Mas existe uma forma de evitar esse desastre: adotar a regionalização.

Desde 2002, quando ocorreu um surto de influenza aviária no Chile, o setor privado, juntamente com o Ministério da Agricultura, vem adotando providências para evitar a entrada do vírus no Brasil e, se necessário, eliminar rapidamente eventuais focos.

Tais ações se acentuaram a partir do fim de 2003, quando do início do surto de vírus H5N1 na Ásia. Dentre as medidas destacam-se o treinamento de pessoal, a modernização dos laboratórios para diagnóstico, a criação de programas de monitoria em aves comerciais e migratórias, a colocação de detectores de matéria orgânica nos aeroportos, a reativação de incineradores nos portos e aeroportos, a proibição de visitas de estrangeiros às granjas e o reforço na biosseguridade das granjas.

Como não existe risco zero, o setor de produção propôs ao governo, em 2004, a implementação de um programa de regionalização sanitária da avicultura, a exemplo do existente para a febre aftosa.

Dadas as dimensões continentais do Brasil, além de preservar a exportação das regiões não afetadas por um eventual surto, o programa facilitaria a erradicação de focos no país. Depois de dois anos de discussão, finalmente foi aprovado e publicado, no início de abril, o chamado Plano Nacional de Prevenção da Influenza Aviária e de Prevenção e Controle da Doença de Newcastle. Nele, são detalhadas ações de prevenção e estabelecidas regras rígidas para o trânsito interestadual de aves vivas e produtos avícolas.

O plano é de aplicação voluntária pelos Estados. Devem formalizar a adesão a ele, no início de junho, os Estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Minas Gerais, Goiás, Distrito Federal, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. Com isso, 90% da avicultura brasileira estará protegida. Os demais Estados deverão aderir nos próximos anos, à medida que forem se estruturando para atingir os níveis exigidos pelo Ministério da Agricultura.

Para que o plano saia do papel, porém, é necessário que haja um repasse extra de recursos ao Ministério da Agricultura. O governo federal precisa ter em mente que manter a sanidade dos nossos plantéis é prioridade e evitam tragédias como as causadas recentemente pela febre aftosa.

 

Sanidade Animal é um patrimônio do país tão ou mais importante que as reservas de minérios e petróleo. Preservá-la significa garantir o futuro de nossos filhos e netos.

 

ARIEL ANTONIO MENDES , professor titular da Unesp, vice-presidente técnico científico da União Brasileira de Avicultura, Coordenador do Comitê Técnico Científico da Associação Latino-americana de Avicultura e representante do Brasil no Comitê Interamericano de Sanidade Avícola da OIE.

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